Sem Generalizar. Será um desvairo?

Ter resposta para tudo caracteriza um chato, assim como ter questionamentos para tudo apenas por ter. A expressão de interrogações não caracteriza incredulidade tanto quanto esconder as dúvidas para não se expor podem caracterizar hipocrisia, o uso da liberdade que se tem para pensar e dizer o que pensa é que faz com que exposições do pensamento às vezes pareçam excentricidade.

Às vezes cogito a grande farsa que pode se tornar a vida, e me pergunto: Existe possibilidade de haver transparência plena em alguém? Certo é que não há quem realmente exponha aquilo que é e o que pensa e o que faz sozinho em toda plenitude. A questão relevante que pode caracterizar hipocrisia é quando se é veemente na defesa pública de algum princípio, mas na privacidade em reações conscientes a ação contrasta o que defende. Há inúmeros discursos ecológicos, teológicos, comportamentais, éticos, porém os próprios apologetas de determinados assuntos se vêem em situações de pensamentos e até mesmo de ações que contradizem impetuosas defesas públicas. Ecologistas que estando sozinhos assumem posturas diferentes das assumidas em público em atos até mesmos grosseiros com “seu” meio ambiente, vegetarianos públicos que não resistem a uma tentação “carnal”, mas mantêm a arenga, teólogos que beiram a incredulidade, discursos éticos, porém o que é feito às escondidas é vergonhoso até mesmo mencionar, frenéticas defesas nos tribunais sobre crimes hediondos, como pedofilia, estupros, por pessoas que conservam intimamente desejos libidinosos e fantasiosos contra aquilo que repulsam publicamente (de vez em quando aparece um defensor ético moral até mesmo religioso nos noticiários condenado por aquilo que publicamente repudia, por ter dado alguma “bandeira”. É mentira?). É um “tapa” na branca pura ou um trago na cannabis adquiridos por alguém que numa passeata expressa seu repúdio a quem financia o tráfico, ou seja, ele mesmo. O preconceito étnico, racista, sexual é combatido com veemência por lindos argumentos, porém são bem reais, existe uma repulsa consciente, mas não manifestada pelo diferente e ações enrustidas só e se manifestadas o são diante de quem se sabe com absoluta certeza ter a mesma opinião, caso contrário o discurso é diferente, às vezes dá para conhecer as lutas íntimas de alguém, através dos seus discursos se ouvidos mais de uma vez, muitas vezes o que se combate é o que incomoda, é o que está acontecendo na intimidade, é lógico, sem generalizar. É a mídia que mostra um desfile maravilhoso no carnaval que foi bancado pelo contraventor noticiado como um criminoso e repudiado pela própria mídia. Hipocrisia, esta é a palavra chave de todos os séculos, mas como se avoluma. Quem somos nós? O que os outros pensam que nós somos? O que nós pensamos que somos? Talvez sejamos todos atores de uma peça que é um eterno ensaio ao vivo e para as dimensões “celestes”, esta peça que começou com um drama, talvez um romance, deve ter virado uma comédia.

Pode até ser que a máxima: escrever um livro a respeito de tudo aquilo que é fantasiado nos recônditos da mente e de alguns atos quando se está sozinho, traga tantas revelações que darão realmente um best- seller.

Pode surgir então uma boa pergunta: Alguém estaria disposto a dizer para outro aquilo que passa no seu pensamento que mereceria censura? Ou alguns de seus atos ocultos? E se houvesse possibilidade de fazer um filme dos nossos pensamentos e de algumas ações escondidas, haveria autorização para exibir publicamente? Pode ser que aquilo que se repudia, permeie pensamentos e ações em tão grande escala que nos horrorizaríamos em ver em outro aquilo que se passa no íntimo de nossa mente.

E aí se vai vivendo, aconselhando, dando pareceres e opinião com relação a todos os assuntos quer concordantes ou não, simulando inconscientemente uma postura que permita subsistir e sobreviver, como se o “mal-estar” estivesse apenas além das próprias ações e dos próprios discursos.
Temos o direito de permanecer calados quanto aos nossos particulares, inclusive direito de ser o que não somos, e como atores de uma grande montagem cada um se vira-vive como pode para se manter, afinal de contas ninguém deve se meter em meu ato.

2 comentários:

  1. Tigê... Vc é ninja!!!!! Se fizessem um filme sobre meus pensamentos, 90% estaria censurado! kakakakakakakakakakakakakakakakaka, mas nos 10% liberados para o público muito de vc estaria presente! Ah... Chorei demais com a música para o César! Bjo...
    Rodraigo

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  2. Rodraigo,

    Acho que dos meus seriam 91,5% kkkkkkkkkkkkkkkkk. A grande questão é a reflexão desvairada que as vezes invadem nossa alma e nos fazem transformar as crises existenciais em textos. Como diz Stênio Marcius " Puxa uma cadeira minha alma, que eu quero te perguntar, porque me roubas a calma e botas tristeza no olhar, vamos entrar num acordo, vida tranquila viver,lembra daquilo que o mestre falou, a minha graça te basta."

    Bjs.

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