Pregue sempre! Se necessário, use palavras.*


Como é bom poder ter altos papos com os filhos e perceber que eles têm muito a nos ensinar, na verdade os momentos de boas conversas se tornam numa boa troca, num exercício sem o peso de hora marcada para começar e nem para acabar, sem o peso de um “culto doméstico”, numa descontração leve e informal. Assim eu poderia de uma maneira bem rasa expressar minha impressão sobre uma boa conversa ontem a noite com meu filho.

Muitas vezes o valor do compartilhamento descontraído não é observado, as pessoas são levadas a crer que todo ensinamento o é, apenas se formal for, graças a Deus fiquei livre desta fôrma. Desde os tempos de seminário somos ensinados a pregar, e um pregar performático, rebuscado, retórico, que tenha uma boa introdução um bom exórdio, desenvolvimento, ilustrações e uma conclusão capaz de concatenar o conceito do tema. É dose pra dinossauro, e os “dinossauros” todos sabem o que estou dizendo. Então a grande preocupação de alguns pais, as vezes é se o filho está inserido em alguma comunidade para ali ser “pregado” o Evangelho para ele, acreditando até mesmo que o ensino do Evangelho se reduz apenas a um determinado lugar ou momento especial, e se não o vê inserido neste meio, se preocupa a ponto de achar que o filho não está sendo preparado espiritualmente, isto porque é mais fácil transferir esta responsabilidade. Grande engano. Estive já muitas vezes como líder de jovens, e alguns freqüentam as reuniões apenas para dar uma satisfação para os pais de que são jovens fervorosos e que acompanham bem as atividades, mas no fundo, como não têm nada partindo da família, nada têm, apenas uns encontros sociais que enganosamente dá aos pais a sensação de segurança de que o filho está na “igreja”, e isto basta.

Há expressões de orgulho que na verdade são um verdadeiro auto-engano, apenas porque o garoto ou a garota vão a todos os "cultos da mocidade", ou tocam no "ministério de louvor", ou dançam no "ministério de dança", são as seguranças expressadas pelos pais, que muitas vezes não param para conversar, nem dar um mínimo de atenção, ou ainda se preocupa em ensinar apenas com “pregatórios”, porém desprezam o ensino com atitudes. Uma atitude de honestidade, uma atitude de perdão após um erro, uma atitude de respeito, revelam as boas novas de maneira muito mais intensa e é isto que eles levarão para a vida, é isto que forjará seu caráter. Não acredito que uma sala de EBD (em grande parte das vezes com ensinamentos duvidosos ) , ou uma reunião de jovens com o cunho religioso-teatral possa trazer os benefícios para a vida dos meus filhos mais do que as conversas e convivência que temos, até mesmo nos “ranços” o que podemos aprender para a vida juntos, nos faz mais gente, mais humanos, nos levando a ter liberdade e autenticidade, na convivencia sermos burilados. É lógico que está inserido nas conversas, o Evangelho, com a simplicidade que lhe é peculiar, mesmo que nenhuma citação formal seja feita.

Agradeço a Deus por meus filhos e pela percepção da liberdade que podemos ter para compartilhar.



* Francisco de Assis

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