DESCONSTRUÇÃO

Não quero reformar nada! Não quero reformar ninguém! Apenas quero desconstruir minha religião e dar-me a oportunidade de começar novamente. Do zero! Quero aprender a orar porque suspeito que nunca aprendi em todos esses anos de eloquentes orações entonadas no conjunto de súplicas adornadas de lindos verbos.
Tenho a ligeira impressão de que todas as vezes em que falei em línguas na roda de oração para fazer notório o meu nível espiritual, não me valeram de edificação alguma. E que minhas devocionais carregadas de desânimo e obrigação para com a minha "consagração" no ministério de louvor não resultaram em nenhuma intimidade com Deus!
Quero desfazer de tudo que sei, ou que penso saber, e de tudo que não sei, e penso não saber, para aprender paulatinamente através de uma busca sincera, paciente, desobrigada, verdadeiramente motivada e autêntica, tudo quanto preciso, quanto quero e quanto me é essencial na jornada da fé. Quero despojar-me dos manuais religiosos, das doutrinas inquestionáveis, das tradições incoerentes e da estupidez e falácia da religião.
Quero duvidar de tudo e de todos, porque minha alma contorce pela verdade e tem sede de justiça. Quero abrir os meus olhos e enfrentar o ardor da luz cortante da revelação. Quero ficar cego por um tempo em virtude do impacto que a luz da verdade traz. Ficar cego para o enlatado evangélico, cego para o cauterizado cristianismo institucional. Quero ficar cego para as fórmulas instantâneas da fé, da sua comercialização e do abuso espiritual. Quero recobrar a visão aos poucos. Enxergar com sanidade a vida, as pessoas, a família, os amigos, o futuro, o presente e o passado. Quero aprender a enxergar tudo que enxergava errado. Usar minha visão pela primeira vez!
Quero me desviar dos caminhos da "i"greja que não segue o Caminho de Cristo. E andar na contra-mão desse sistema religioso elaborado sobre outro fundamento que não Jesus, a Rocha Viva. Quero tirar a capa que me identifica como "cristão" com o emblema da cruz para vestir-me de amor pelo próximo e por esse amor ser conhecido como discípulo de Cristo. E carregar não o emblema da cruz, antes, tomá-la dia após dia em meus ombros e renunciar à volúpia e morrer para o pecado.
Quero fugir dos grandes eventos de milagres e shows da fé, patrocinados por sórdida ganância e puro estrelismo. E me juntar aos homens de Deus presenteados com o dom da cura que trocam o palco pelo corredor dos hospitais. Que ao invés de pedirem que vão a eles, se disponhem a IR aos que necessitam.
Cansei de viver sob maldição financeira! E, agora, não gasto meu dinheiro patrocinando esse sistema putréfulo de escravizar a fé dos pequeninos. Não quero participar de tal infâmia! Que o pouco que tenho sirva não ao luxo dos templos e de seus donos, mas, aos que realmente necessitam da minha fidelidade financeira resultante da confiança no Jeová Jiré. E não da ameaça pastoral de maldição da pobreza versus prosperidade.
Quero ser livre para pecar! E da mesma maneira não pecar por entender que não me convém. Mas, se o desejo do pecado ronda a minha mente e não peco por causa da pressão de ter que me consagrar no ministério da "i"greja, que pobre que sou. Porque ainda não seria livre do pecado, mesmo não o praticando... Quero aprender a conduzir meu estilo de vida como resposta de gratidão à aceitação e perdão de Cristo, não como regras e proibições eclesiásticas que não tem efeito nenhum contra o pecado.
Estou desconstruindo a minha fé míope e doente para cultivá-la de forma autêntica, sincera, humana e verdadeira. Estou disposto a arriscar minhas crenças pelo conhecimento da verdade eterna, de modo, que mesmo vendo-a como em espelho, possa um dia conhecê-la completa assim como sou conhecido. Se para encontrar o Deus que está estampado no caráter de Cristo, me tornar necessário descrer do Deus pregado, e tornar-me ateu, que assim seja. E que possa, conhecê-Lo de forma pura, única, pessoal e intransferível.
Quero derrubar meus pilares espirituais porque não sei de onde vieram. Estavam lá no discurso e na retórica que pseudonimamente aceitei como sendo Jesus Cristo. Agora, nego a cartilha que reza, nego a teologia pronta que engoli e dou-me a oportunidade de aceitar, de fato, Cristo meu Senhor e Salvador, pura e simplesmente.
Se fosse possível voltar ao ventre de minha mãe e carregar em meus genes a luz que agora vejo, para que ao nascer, soubesse desviar dos caminhos que para o homem parecem bons, poderia começar de novo sem incongruências e inverdades ludibriosas.
Talvez, só agora tenha entendido o que significa "nascer de novo"...
Tomei a liberdade de publicar este texto do Thiago, pela lucidez, pela humanidade que exala com tanta coerência e ainda pela compatibilidade, o texto foi escrito em Maio de 2008, e não se desgasta com o tempo, espero que faça bem a você assim como tem feito a mim.

Quem enfeita minha vida!


São aquelas flores belas,
São aquelas flores singelas,
Que perfumam o dia,
E o deixa cheio de alegria.

E em cada pessoa existe uma só
Querida e linda
E você a localiza
Num país chamado coração
No bairro da paixão
E na rua do amor
Número um trilhão
E sabe como se chama essa belíssima flor?

Mamãe!


Gabriela Santana
com 10 anos

O DEUS “PAI” DOS ZÉ MANÉS!...



Você é do tipo que só dá se os outros virem que foi você quem deu?
Você é do tipo que não vê vantagem em fazer o bem que não seja identificado como obra sua?...
Você é do tipo que jamais faria o bem a quem fosse ingrato?
Você é do tipo que boicata os filhos que não fazem a sua vontade?
A grande maioria de nós é assim...
É por isto que Jesus disse que o melhor pai entre os homens ainda é mal...
E pior:
Se o pai for cristão, muitas vezes é a partir dele mesmo que ele faz a projeção de Deus, o Pai, no mundo...
Sim, nesse caso, o Pai está preso às noções de paternidade perversa do homem!...
É por isso que o Pai “ficou” tão mal aos nossos sentidos, pois, de fato, o projetamos a partir de nós mesmos e de nossos pais.
Por esta razão o “Pai dos crentes” é tão carnal, tão caprichoso, tão mesquinho, tão cheio de barganhas, tão incomodado, tão sensível, tão não me toques, tão Zé Mané!
Tão grande Zé Mané Cósmico gera um monte Zé Manés históricos.
Portanto, seu Zé Mané histórico, filho do Zé Mané Cósmico, ouça: Deus, o Pai, não parece com você!
O único Pai que o mundo conheceu até hoje pelos cristãos é um Zé Mané a cara dos Zé Manés que nós somos...
O nosso “Pai” é bom apenas para quem é bom para Ele...
O nosso “Pai” é generoso com aqueles que dão dinheiro a Ele...
O nosso “Pai” é vingativo com quem não o obedece...
O nosso “Pai” é meio parente do diabo, só que tendo todo poder... e mais requinte.
O nosso “Pai” é como os pais que demandam ódio dos filhos...
O nosso “Pai” é Aquele que deserda o filho que não odiar a quem “Ele” diga que é para odiar...
O nosso “Pai” é feio...
O nosso “Pai” não tem nenhum semelhança com o Pai de Jesus.
Assim, pergunto a você, seu Zé Mané:
Você tem certeza que quando você fala do “Pai” é do Pai de Jesus que você está falando mesmo?...”
Ora, o Pai de Jesus faz o bem a todos, maus e bons; e não precisa de reconhecimento.
O Pai de Jesus não é caprichoso e nem encurrala a Sua Graça nos templos e nos lugares religiosos...
O Pai de Jesus tem filhos em todos os lugares e com todas as caras...
O Pai de Jesus ama a todos, até os filhos que o odeiam...
O Pai de Jesus entende a diferença entre ódio ao “Pai” e ódio ao Pai... E Ele sabe que a maior parte do ódio humano a Deus é fruto da falsificação diabólica feita acerca do Pai...
Portanto, digo a você, se você for do tipo...:
“Zé Mane! Pare de fazer Deus ficar a cara do diabo!”
Se você fizer o Pai ficar a cara do diabo, saiba: Você vai encontrar “o Pai” que você pintou!
Foi por isto que Jesus disse aos judeus que odiavam e que faziam o Pai ficar feio [João 8], que eles haviam se tornado filhos do diabo...
Se o Pai for apenas um ídolo criado pela projeção do “pai”que você é ou conhece em maldades..., então, abra o olho, pois, de um modo ou de outro, a gente sempre acaba ficando cara a cara com o “Deus de nossas próprias invenções”.
Esta foi a mensagem de Jesus em Mat. 25, quando afirmou que o homem que escondera o seu próprio talento o fizera em razão de uma visão pervertida do Pai. Sim, criou um Pai tão severo e mesquinho que..., acabou sendo julgado pelo critério que ele atribuía ao Pai que não era...
Portanto, pare com isso Zé Mané!...
Deus não parece com você!...
É você que tem que se salvar buscando a semelhança Dele!...
Quer mais seu Zé Mané?...
Pois não tem...
É aqui se pára...
Não tem caminho daqui pra frente...
Entendeu?...


Caio Fábio