Tempos determinantes

É interessante como as expectativas criadas a cada ano que se inicia, nos leva a reflexões, mesmo que não tenhamos critérios pré-estabelecidos para a "passagem de ano", está incrustado em nós de alguma forma esta questão, quase que de uma maneira ideológica, a cada 365 dias, somos instigados a refletir num recomeço, e isto não é de tudo ruim, pois é uma maneira de renovar esperanças, de tentar encontrar endireitamentos. Começar bem é importante, mas o que conta não é apenas como começamos, o que conta na verdade é como caminhamos, e isto pode ser determinado através de como estamos vivendo neste momento, no dia chamado Hoje. Portanto,
Não devemos viver apenas de saudades. Ser saudosista, apesar de parecer bonito, até mesmo poético, pode se transformar em uma prisão impedindo o nosso fluir. Há pessoas que vivem contentes apenas pelo que já foram. Alguns se satisfazem com suas histórias vividas em determinada época, comumente vemos pessoas que têm relatos de como já foram abençoadas, etc e tal, que já fizeram e aconteceram, tudo no passado, conformadas com as “experiências” antigas. Não se revigoram conforme a proposta e ação de que as misericórdias a cada manhã se renovam, somos estimulados a conhecer e prosseguir em conhecer. Quem vive de passado é antiquário. Esquecendo-me das coisas que para traz ficaram, prossigo... Lembranças não são um mal em si, em alguns casos podem até trazer alento, porém viver preso ao passado alimentado por saudades, não vivendo em novidade de vida se transformando num baú de tradições e recordações, pode ser perigoso para nossa saúde espiritual.
Não podemos viver apenas alimentando expectativas. Outro extremo na vida é o de estar com um olhar distante, aguardando um ponto futuro onde quem sabe, as coisas vão mudar. Ter esperança é bom, está entre as três coisas que permanecem, porém o que estamos dizendo é que ficar sempre no aguardo tendo os atos limitados apenas por uma perspectiva pode revelar falta de ação existente no momento. A orientação é de que nossa ocupação no que se refere a cuidados não deve extrapolar o tempo presente, ...não vos inquieteis com o dia de amanhã... O Senhor tem cuidado de nós, não nossas confissões positivas ou coisas parecidas.
Viver o dia de Hoje, este é o desafio. Se quisermos viver bem em 2009 e permanecer daqui a dez, vinte, trinta anos com o coração agradecido precisamos aprender a viver intensamente hoje em gratidão, isto é muito importante, viver hoje de maneira densa já é preparar o futuro. Não devemos andar ansiosos nem inertes, nossas ações devem ser de maneira viva, agora. Você precisa orar, ore agora, precisa perdoar, perdoe agora, amar, ame agora, agir, aja agora, viver, viva agora, ...o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Ensinando-nos a orar Jesus disse: o pão nosso de cada dia, dá nos hoje. Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos, e alegremo-nos nele.

MELINDRADOS

Quando leio os profetas do Antigo Testamento que confrontavam reis, sacerdotes e o povo, e não se intimidavam em denunciar a maneira como seu povo se enredava por caminhos distantes, valorizando suas tradições religiosas mais do que as pessoas, até mesmo legitimando suas ações com base no que estava escrito, porém se distanciando da pureza do relacionamento estampado no que estava dito pelo próprio Deus também através dos profetas.

Quando leio que o povo de Deus insistia em assimilar apenas as questões exteriores como uma forma de “agradar” a Deus, como se estivessem se relacionando com “Zeus” ou qualquer outro deus irado, déspota, caprichoso, que esperava apenas a satisfação da “adoração” por meio de rituais para ter sua ira aplacada, percebo que eles, os profetas, levantavam-se e DENUNCIAVAM, inclusive dando nomes aos bois, mesmo fazendo parte da boiada, não se calavam diante das imbecilidades dos reis, dos sacerdotes e nem do povo que por ser abençoado, se achava.

Nenhum profeta comprometido com Deus e com sua revelação alisou a cabeça, ou se omitiu quando as coisas tomavam rumos divergentes no arraial, nas cidades, na nação.

Quando leio o apóstolo Paulo e vejo a maneira como tratava aqueles que pregavam outro evangelho, como se referia àqueles que enganavam as viúvas, aqueles que distanciavam da Palavra pregada e ensinada, dando também nomes aos bois, até mesmo em relação ao Apóstolo Pedro citado em uma de suas cartas pela dissimulação e afastamento da simplicidade do Evangelho foi repreendido “face a face” diante dos irmãos com o fato sendo inclusive digno de ser registrado.

Quando leio Jesus diante dos “donos” da espiritualidade, repreendendo-os com dureza, encarando-os em seus conceitos verticalizados, não se intimidando em nenhum momento e até mesmo comparando-os as víboras, a túmulos pintados. Em alguns momentos repreendendo seus próprios discípulos de maneira veemente por suas criancices.

Aí vejo pessoas se melindrando por DENUNCIAS, sejam em poesia, livros, músicas, na Internet ou nos pontos de pregação por profetas contemporâneos, ainda digo: - Está sendo denunciado pouco, porque a coisa está feia.

Quem fica melindrado quando denuncias ao desvio da pureza do Evangelho são feitas, infelizmente está, por que de certa maneira está tão “contaminado” que já não consegue diferenciar Evangelho de evangelho, e como que fazendo parte de um partido, de um clube ou coisa parecida, algo xiita, que por não analisar acaba acreditando que Evangelho é isso mesmo, uma maneira massificada de arrebanhar pessoas para grupos e depois encherem um “templo” e “fazer um culto”, até mesmo com boa intenção, está a engolir um monte de coisas absurdas que não tem nada a ver com a simplicidade das Boas Novas de Jesus. E como argumento de melindrados, são ensinados sutilmente a utilizar a máxima: “porque ao invés de ficar falando dos irmãos, não vão pregar o evangelho?”. Ou seja, deixe nos em paz. O fato de levantar alguém para Alertar, na verdade deveria ser visto como um confronto para uma reflexão e não como simples acusações, com os profetas dos tempos bíblicos também era assim, alguns foram posteriormente apedrejados.

Como pode não ser enxergado alguns absurdos confundindo-os com pregação do Evangelho? Ou é o clímax do auto-engano, ou o clímax do bom-enganador (mau-enganador). Há muita gente (como se diz: boa de Deus), iludida. A coisa está com formatos tão distanciados que a simples pregação do Evangelho, sem a utilização de nenhum chavão, ou “muleta” da prosperidade, ou da libertação, ou da batalha espiritual, ou da cura interior, ou da auto-ajuda, ou do emocionalismo, parece escândalo e já não satisfaz as pessoas que freqüentam os “cultos”, por isto a grande necessidade de se criar novas e novas maneiras, novos moveres, novas estratégias, com muuuuuuuiiiiiiito marketing.

Quando sou questionado por melindrados sobre as músicas, livros, ou entrevistas, onde os autores ou entrevistados confrontam através de suas letras, textos ou palavras por não se conformarem, no mais profundo sentido da palavra, ainda digo, está pouco, queria ver somado a eles, Isaías, Jeremias, Habacuque, Miquéias, Paulo, Tiago, hoje, entrando em “templos” dos “adoradores”, dos “pregadores”, dos “mercadores”, dos “imitadores”, dos “libertadores” dos marketeiros, dos “ministérios”, dos showmans, dos demonizadores, dos vendilhões, dos repetidores de frases feitas. D U V I D O que eles se calariam, e que não fariam parte de um coro para ALERTAR a gente boa de Deus, que deseja o Pão da vida e que infelizmente tem comido abobrinhas.

PÉROLAS DO EVANGELIQUÊS

Convivendo no meio, ouvimos de tudo, é muito comum encontramos na verborragia evangélica, coisas engraçadas e pitorescas. Quem, por exemplo, já não ouviu expressões cacófagas, orações direcionadas, “profetadas” e “revelamentos” ... lembrei-me de alguns exemplos e acredito que muitos outros podem ser acrescentados a lista...

Oração Aviso:

... e pedimos que abençoes a reunião que será realizada na rua bonfliogli número 7 no bairro Acapulco no dia 07/04/2005 as 19:00 horas, todos estão convidados, amém.

Oração “doutrinária”:


... e como está escrito em Deuteronômio que a mulher não deve vestir roupa de homem, então fica claro que a mulher não pode usar calça comprida, estando também evidenciado no livro de Apocalipse que não sejamos apanhados nus, portanto fica estabelecido que não devemos dormir sem roupa e blá, blá, bla... amém.

Oração Estudo bíblico:

... nos abençoe segundo Marcos 17, Salmo 151 e Provébios 32, também de acordo com Êxodo 41 e o versículo 12 de Atos 29, nos quais nos baseamos para afirmar teologicamente que blá, blá,blá. Amém.

Oração fofoca:

... abençoa o irmão Eutanásio, livra-o do seu pecado, pois ele mesmo me disse que está de olho na esposa do irmão Arlindo, tem misericórdia dele também, pois outro dia inclusive quando passei no bar da esquina lá estava ele tomando uma cervejinha escondido...

Anúncio para uma Boacumba

Estaremos realizando no dia 13 de agosto, sexta-feira próxima, uma reunião na esquina das ruas Pomblagina com Jacuí no Centro, um trabalho em favor das almas perdidas, oportunidade em que expulsaremos todos os maus espíritos daquela região.

Profetadas:

... Filho meu como está escrito lá no livro de Efésios, capítulo 5, versículo 22... ( pausa para pensar) meu servo ... eis que me enganei, é no livro de Gálatas 5:22, bla´,blá,blá...

e no dia do aniversário da irmã Felisbina...

... Filha minha eis que te falo neste momento:
- Parabéns pra você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida.
E digo mais... É big, é big, é big.


Pregatório:

Introdução: Irmãos nesta noite quero falar a respeito de um assunto muito sério para vocês, devemos todos nos unir para que este mal se afaste totalmente da face da terra, pois tem sido uma estratégia utilizada pelo inimigo, o tema da nossa mensagem é:

Tema: É bíblico morar em apartamento?


I – Não, pois devemos povoar a Terra

Em primeiro lugar podemos afirmar que o texto diz que devemos povoar a terra e isto irmãos deve ser feito de maneira horizontal, ou seja, povoar é uma ordem direta e isto deve ser seguido de acordo com a instrução bíblica...ho – ri – zon – tal.

II – Não, porque temos que ir de Casa em Casa

Em segundo lugar nós fomos ordenados a ir de casa em casa e não de apartamento a apartamento, então como é que pode uma coisa destas meus irmãos...

III – Não, porque o próprio nome é maldito

Em terceiro lugar não podemos deixar de dizer também que o próprio nome deste aglomerado vertical já indica sua função de tornar complicadas as coisas para quem deseja fazer uma visita, pois no próprio umbral da porta já está escrito EDIFÍCIO, ou seja É difícil entrar, é difícil evangelizar, é difícil fazer qualquer contato. Oremos.

Conclusão: ? ? ? ? ? ? ?

( Esta “pregação” foi feita na igreja ... por uma pessoa que trabalhava comigo. No dia posterior que ele pregou veio eufórico compartilhar comigo a “poderosa mensagem”, até com os “ecos” e impostação da sua voz, característica do grupo. Quando conto ninguém acredita, mas ... ). O tal obreiro hoje é motorista de Táxi.

Cacófatos pulpitorescos:

Eviadão - Adão e Eva

O Sôrôrô - O senhor orou

Pasta jóia - Paz, Tá Jóia ?


Tem mais...

Síndrome de LOST, os Fariseus são os outros.

No seriado LOST uma das coisas que chamam a atenção é o fato de que os protagonistas se referem aos demais participantes da saga que estão na ilha como “os outros”. Eles são os bons, os outros, nem tanto.

Esta característica é inerente a todos de alguma maneira, quase sempre quando expomos nossos pontos de vista, quase sempre quando criticamos atitudes alheias, assumimos também uma postura semelhante, ou seja, nós somos os bons, nós estamos fazendo e agindo da maneira correta, porém os outros... coitados, estão fazendo e agindo de maneira equivocada, estão errados ou são ruins porque não partilham da nossa maneira de ver as coisas, porque não fazem parte do nosso grupo.

Fiz a algum tempo uma letra para uma música baseada nas palavras de Jesus aos Fariseus e a estava cantando sempre como no texto, dirigindo aos outros, mas lá no texto era Jesus quem estava dizendo, e para me safar, até coloquei o nome da música como: Foi Ele quem disse. Ouvi uma palavra do Chico neste final de semana, e ele dizia: “...cuidado, o fariseu pode ser você, só porque você está agora aqui, você acha que é o bom e o resto é tudo fariseu?” foi o questionamento no meio da reflexão (é lógico que todo o contexto foi relevante para o entendimento da mensagem, a citação é apenas de uma frase solta que me chamou a atenção), naquele momento comecei em pensamento colocar a tal letra na primeira pessoa e pra falar a verdade fica um pouco mais desconfortável para ser cantada, mas é a dura realidade.

Versão original:

Mosquitos ou camelos / mosquitos ou camelos / mosquitos eles querem coar / camelos, estão a engolir. / Raça de víboras / sepulcros caiados / não entram e nem deixam entrar / no Reino de Deus / fazem longas orações / jejuam fazem doações / para serem vistos pelos homens / e são / na verdade já receberam sua recompensa / queriam ser vistos / e foram.

Versão desconfortável:

Mosquitos ou camelos / mosquitos ou camelos / mosquitos eu quero coar / camelos, estou a engolir. / Raça de víbora / sepulcro caiado / não entro e nem deixo entrar / no Reino de Deus / faço longas orações / jejuo, faço doações (quando faço) / para ser visto pelos homens / e sou / na verdade já recebi minha recompensa / queria ser visto / e fui.

Ao nos identificarmos com alguns personagens bíblicos, normalmente, o fazemos com os que tiveram mais sucesso ou que foram bem citados e ainda apenas em alguns momentos particulares em que ficou caracterizada alguma atitude positiva, por exemplo: com a mulher do fluxo de sangue ao tocar em Jesus no meio da multidão, por sua fé e persistência, com o bom samaritano, nunca com o sacerdote e com o levita, com Pedro no dia de pentecostes, com Paulo depois de convertido, com os quatro homens quando levaram o aleijado até Jesus, com Davi no salmo 23, com Moisés na sarça ardente, etc., mas ver o Fariseu em nós? O religioso hipócrita, que faz julgamentos, que coloca pesos nos outros que ele mesmo não consegue carregar, que faz tudo para ser visto pelos homens? nem pensar. Fariseus são os outros.

Sem Generalizar. Será um desvairo?

Ter resposta para tudo caracteriza um chato, assim como ter questionamentos para tudo apenas por ter. A expressão de interrogações não caracteriza incredulidade tanto quanto esconder as dúvidas para não se expor podem caracterizar hipocrisia, o uso da liberdade que se tem para pensar e dizer o que pensa é que faz com que exposições do pensamento às vezes pareçam excentricidade.

Às vezes cogito a grande farsa que pode se tornar a vida, e me pergunto: Existe possibilidade de haver transparência plena em alguém? Certo é que não há quem realmente exponha aquilo que é e o que pensa e o que faz sozinho em toda plenitude. A questão relevante que pode caracterizar hipocrisia é quando se é veemente na defesa pública de algum princípio, mas na privacidade em reações conscientes a ação contrasta o que defende. Há inúmeros discursos ecológicos, teológicos, comportamentais, éticos, porém os próprios apologetas de determinados assuntos se vêem em situações de pensamentos e até mesmo de ações que contradizem impetuosas defesas públicas. Ecologistas que estando sozinhos assumem posturas diferentes das assumidas em público em atos até mesmos grosseiros com “seu” meio ambiente, vegetarianos públicos que não resistem a uma tentação “carnal”, mas mantêm a arenga, teólogos que beiram a incredulidade, discursos éticos, porém o que é feito às escondidas é vergonhoso até mesmo mencionar, frenéticas defesas nos tribunais sobre crimes hediondos, como pedofilia, estupros, por pessoas que conservam intimamente desejos libidinosos e fantasiosos contra aquilo que repulsam publicamente (de vez em quando aparece um defensor ético moral até mesmo religioso nos noticiários condenado por aquilo que publicamente repudia, por ter dado alguma “bandeira”. É mentira?). É um “tapa” na branca pura ou um trago na cannabis adquiridos por alguém que numa passeata expressa seu repúdio a quem financia o tráfico, ou seja, ele mesmo. O preconceito étnico, racista, sexual é combatido com veemência por lindos argumentos, porém são bem reais, existe uma repulsa consciente, mas não manifestada pelo diferente e ações enrustidas só e se manifestadas o são diante de quem se sabe com absoluta certeza ter a mesma opinião, caso contrário o discurso é diferente, às vezes dá para conhecer as lutas íntimas de alguém, através dos seus discursos se ouvidos mais de uma vez, muitas vezes o que se combate é o que incomoda, é o que está acontecendo na intimidade, é lógico, sem generalizar. É a mídia que mostra um desfile maravilhoso no carnaval que foi bancado pelo contraventor noticiado como um criminoso e repudiado pela própria mídia. Hipocrisia, esta é a palavra chave de todos os séculos, mas como se avoluma. Quem somos nós? O que os outros pensam que nós somos? O que nós pensamos que somos? Talvez sejamos todos atores de uma peça que é um eterno ensaio ao vivo e para as dimensões “celestes”, esta peça que começou com um drama, talvez um romance, deve ter virado uma comédia.

Pode até ser que a máxima: escrever um livro a respeito de tudo aquilo que é fantasiado nos recônditos da mente e de alguns atos quando se está sozinho, traga tantas revelações que darão realmente um best- seller.

Pode surgir então uma boa pergunta: Alguém estaria disposto a dizer para outro aquilo que passa no seu pensamento que mereceria censura? Ou alguns de seus atos ocultos? E se houvesse possibilidade de fazer um filme dos nossos pensamentos e de algumas ações escondidas, haveria autorização para exibir publicamente? Pode ser que aquilo que se repudia, permeie pensamentos e ações em tão grande escala que nos horrorizaríamos em ver em outro aquilo que se passa no íntimo de nossa mente.

E aí se vai vivendo, aconselhando, dando pareceres e opinião com relação a todos os assuntos quer concordantes ou não, simulando inconscientemente uma postura que permita subsistir e sobreviver, como se o “mal-estar” estivesse apenas além das próprias ações e dos próprios discursos.
Temos o direito de permanecer calados quanto aos nossos particulares, inclusive direito de ser o que não somos, e como atores de uma grande montagem cada um se vira-vive como pode para se manter, afinal de contas ninguém deve se meter em meu ato.

Flores ou Pastel ?

Normalmente o homem generaliza: “Toda mulher gosta de flores” e em qualquer desentendimento ou em algum desejo de agradar, lá vem o “romântico” com um jarro, um buquê ou mesmo com solitária flor para tentar conquistar, reconquistar ou ainda, quem sabe através de uma outra leitura, barganhar um carinho, um afago, ou até mesmo algo mais “caliente”. Porém quem disse que toda mulher gosta de flores? Há mulheres que preferem ser lembradas com atitudes simples, quem sabe apenas um pouco mais de tempo juntos, ou mesmo um compartilhar de forma singela de detalhes que sejam comuns para os dois.

Certa vez alguém me disse que passava momentos ruins com sua esposa, uns três meses dormindo de “calça comprida”, e quase sem se falar. Então ele que já não agüentava mais a situação resolveu ir a uma floricultura na volta para casa e fazer uma surpresa para sua amada. Comprou um vaso de flores da época e imaginou pelo caminho afora uma bela recepção por parte dela. Quando chegou em casa ao abrir a porta, qual não foi sua surpresa a reação, ela recebeu as flores colocou em cima da mesa e disse: “Já foi gastar dinheiro com bobagens né?”. Foi um balde de água fria, aliás, foi uma gélida cachoeira sobre as intenções de um romântico por conveniências. E ele me disse: “tá vendo eu tô fazendo de tudo para melhorar o relacionamento, o problema está é com ela”. Em uma primeira leitura, apenas enxergando o lado externo da situação, poderia até concordar com ele, porém ponderando alguns fatores que entram em jogo, veio a pergunta: Ela gosta de flores? E ele disse: mas toda mulher gosta. Não estamos falando de todas as mulheres, estamos falando da sua esposa disse a ele, ao que respondeu: Não, não sei, acho que não. Então dizia, pode ser que aí esteja uma questão importante e ao mesmo tempo simples no seu relacionamento que não está sendo levada em conta, fora a leitura que ela pode ter feito, pois três meses de “secura” dormindo com calça comprida, talvez as flores estavam sendo apenas um álibi para dar uma “esquentada” no ambiente e ela pode ter se sentido assim meio “comprada”. Porém se ela não gosta de flores, se ela não se sente amada de fato e segura de verdade simplesmente por receber flores, do que vão adiantar as flores, você está plantando semente errada ou cuidando do terreno de maneira equivocada. Pode ser que ela se sinta amada apenas por uma simples e despretensiosa lembrança. Então perguntei: Ela gosta de pastel? Sim, respondeu ele com segurança. Pois é parece bobagem, mas pode ser que se você tivesse passado na pastelaria e ao comer um pastel se lembrasse dela e levasse em um saquinho de padaria um pastel, creio que ela teria se sentido muito mais amada e lembrada através de uma atitude singela e tão espontânea.

Dar flores a quem espera receber um pastel, é a mesma coisa do que dar um pastel a quem espera receber flores.

Já pensou?

A mulher toda romântica em casa aguardando o maridão chegar com um buquê de rosas, talvez de azaléias, quem sabe de bromélias ou margaridas, cria um clima a meia luz, prepara uma mesa a luz de velas, coloca uma camisola sensual, perfuma o quarto, troca as roupas de cama após tomar um banho de sais, deixa o jarro vazio apenas esperando o complemento que certamente seu parceiro trará, e lá vem o “grosso” com um saquinho de padaria com um pastel de carne, um de queijo, um de palmito e um de frango?

O clima vai ficar arrasado!
Vai rolar pastel pra todo lado!

É por isso que considero o que ouvi e digo: Se quisermos manter um bom relacionamento é muito importante saber como a outra pessoa se sente amada e naturalmente, pretendendo apenas o bem do outro, investir ali.

A Música da Família


Dia desses fiquei sabendo através do meu filho, que ao término de uma reunião, o pastor convidou a todos para darem as mãos e que juntos cantassem a música da família, quando todos se preparavam, eis que um celular chama e qual era o toque? A música da família, alias, a música da Grande família e como o bendito celular estava no fundo da bolsa da garota com o volume alto e ela ainda nervosa não conseguia encontrar o celular no meio das bugigangas que abundam as bolsas femininas, então todos ficaram esperando o dito cujo ser desligado, quando ela o encontrou, a música já estava no “... também quero catucar”.

O fato é engraçado e se eu estivesse lá, com certeza teria que sair, pois não ia agüentar segurar o riso. Mas quando me foi contado, pensei um pouquinho e disse: É de Deus. Sabe porque? Por que esta música na verdade é muito mais autêntica em se tratando de uma comunidade. Sempre me incomodei quando todo mundo na igreja ia cantar a música da família, não sei porque, mas sempre me soou muito falsa esta música, é muito bonita, mas muito longe da verdade. Principalmente quando chega no trecho “uma família sem qualquer falsidade...”, “... eu sou um com você...”, e aí a gente que por muito tempo fez parte dos bastidores e sabe das malquerenças, das maledicências, das fofocas e dos risos forçados, se tiver um pouquinho de bom senso, nem consegue cantar.

Agora cantar:
“ Esta família é muito unida, e também muito ouriçada, brigam por qualquer razão, mas acabam pedindo perdão... ”. É muito mais autêntico e até mesmo mais bíblico.

Atualizem seus retro-projetores, seus data-shows, e da próxima vez, em lugar da música da família, que tal a música da grande família?

Atire a Segunda Pedra


... a terceira e quem sabe, as pedradas de misericórdia, porque parece que a mulher já está quase morrendo com a primeira pedrada que acertou bem no centro do crânio dela. Assim poderia ter sido o comentário de alguns daqueles que levaram a mulher apanhada em flagrante adultério, se pelo menos não tivessem sido sinceros consigo mesmos largando as pedras um a um e se afastando ao serem confrontados.

Num surto me tornei advogado dos fariseus?


Apenas uma conjectura, caso o fato ocorresse com a casta farisaica de hoje, pois os verdadeiros “grandes moveres” dos nossos dias talvez têm sido o viver de aparências e o auto-engano, a crença na justiça própria de tal maneira que a questão “quem não tem pecado atire a primeira pedra” soaria em nosso tempo, para muitos, como uma permissão-mandamento para atirar a pedra e não o contrário. Movidos por justiça própria, acredita-se realmente que o fato de seguir a lei ou a relação de boas obras, mesmo que somente as partes “praticáveis”, outorgam o poder de julgar quem quer que seja em seus delitos, e assim quantas pedras não têm sido atiradas...

A supervalorização das aparências é o que move o julgamento de que se está correto quando o que se mostra é positivo. Aparências até para si, mesmo que pareça incongruência tal expressão, o auto-engano leva a acreditar de tanto confessar positivamente, que a auto-retidão é que fornece o poder de fazer, de ter e de alcançar. Com a consciência cauterizada por justiças próprias os direitos declarados o são até mesmo diante de Deus como uma cobrança da palavra como a um qualquer, em chantagens baratas, botando o dedo no “nariz” de Deus exigindo que Ele cumpra os caprichos conquistados pela aparência do comportamento moral. Numa relação pagã extremada, uma relação com um deus inseguro, que não sabe o que fazer e que precisa ser cobrado e lembrado das suas obrigações para com seus amos, numa visão perversa e caricata.

Se a contemporaneidade farisaica retroagisse, neste mundo de aparências, de auto-engano aquela mulher estaria mortinha da silva. Ao terminar a notável expressão “atire a primeira pedra”, talvez até Ele mesmo teria levado pedradas, porque como santarrões cheios de justiça própria e ainda mais sendo desafiados por um cara que se queria esfolar. Com o intuito de manter as aparências alguém se atreveria a atirar a pedra, quem sabe para parecer justo e se esconder ou até mesmo por auto-justificativa-auto-enganativa concebida por adoecidas-mentes que não conseguem perceber o mal em si, mas que o identifica com muita facilidade quando apontado nos outros.

O engano da justiça própria como fator de merecimento tem levado muitas pessoas bem intencionadas a “se achar” e como quem se acha, se envaidece e perece cauterizando a sua consciência com a auto-retidão e não vive por confiança, mas pelo que vê, questionando que quem não tem não é, e conseqüentemente, sem perceber naufraga na fé. Mas prega a fé-de-mais e começa a não-cheirar-bem.