Quando a fé se deixa manipular, pessoas viram presas fáceis de toda sorte de abuso. A confiança autêntica e sincera em Deus é gradualmente substituída pela submissão acrítica aos desmandos de lideranças despreparadas.
Carentes de acolhimento são habilmente capturados pela manipulação emocional de líderes medíocres de plantão e ambos seguem de braços dados experimentando religiosidade fútil e meritória, barganhando a todo o momento com Deus.
Por ser uma religiosidade descaracterizada da adoração sincera, mais cedo ou mais tarde o castelo de cartas desmorona deixando feridas abertas pelo caminho.
É esta relação doentia que a jornalista Marília Camargo desvenda em seu primeiro livro. Uma reportagem que avança pelos meandros da igreja evangélica brasileira liderada em boa medida por pessoas embevecidas pelo próprio poder de manipular e escravizar aqueles pelos quais Cristo morreu.
Ao lidar com feridas não cicatrizadas, em seu debut literário, Marília revela a urgência de um novo tipo de liderança, não autocrática, e de um novo membro, mais confiante em Deus e menos dependente do pastor local, a fim de que o espaço da igreja seja saudável, criativo e curador.
Segue abaixo a entrevista que a editora Mundo Cristão fez com a Marília.
Qual o tema central de Feridos em nome de Deus?

O livro narra histórias de cristãos que estão muito machucados emocionalmente e tiveram a sua fé abalada pelo convívio com líderes abusivos, que passaram dos limites em seu relacionamento com seus liderados. São histórias, acredito, com as quais muitos poderão identificar-se, porque o problema do abuso espiritual parece espalhar-se pela comunidade dita evangélica no Brasil.

Para quem ele foi escrito?

Eu escrevi o livro, em primeiro lugar, para mim mesma. Porque eu precisava de respostas. Eu não conseguia entender por que amigos que, antes eram tão próximos de seus pastores, de uma hora para outra passaram a detestá-los e a falar mal deles. Eu precisava entender o que tinha dado errado naquele convívio. Mas entendo que o livro também foi escrito para esses irmãos feridos, como uma espécie de registro de suas experiências, e para líderes religiosos, que podem se ver retratados nas histórias.

Por que escrever um livro que trata de um assunto tão delicado para a igreja evangélica atual? É uma espécie de autobiografia?

Não, não é uma autobiografia, embora eu conte alguns detalhes de minha experiência de fé. Creio que decidi escrever por ver o estado em que ficaram esses irmãos. O abuso pastoral levou muitos deles à lona, eles perderam o chão. Passaram a questionar a fé, a estrutura da igreja – o que não deixa de ser uma boa coisa – a veracidade da Bíblia e a autoridade pastoral de forma generalizada. A maioria só conseguiu recobrar o fôlego depois de receber a ajuda de terapeutas.

Como se deu o processo de pesquisa para o livro, você entrevistou outras ovelhas feridas?

Fiz muitas entrevistas pessoais com os feridos e também com pastores isentos, que analisam o fenômeno do abuso espiritual à luz de suas experiências pessoais e da Bíblia. Entrevistei também psicólogos, filósofos e sociólogos para dar maior profundidade à análise do problema.

Quais foram os seus sentimentos ao colocar no papel sua própria experiência e de tantas outras pessoas?

Houve dias em que fiquei muito triste ao relembrar como era o convívio fraterno em nossa antiga igreja e o pouco que tinha restado dele. Houve entrevistas em que eu chorei junto com os feridos e fiquei morrendo de raiva dos fatos que estavam vindo à tona. Eu não acreditava no absurdo daquelas histórias. Eu me senti incrivelmente indignada e não entendia como aquelas pessoas, todas adultas e instruídas, tinham concordado em sofrer tais humilhações, em nome de Deus, e ainda assim permanecer caladas.

A igreja brasileira tem crescido muito nos últimos anos. Você vê alguma correlação entre esse fato e o aumento nos casos de feridos? Qual o principal fator que leva as pessoas a se ferirem?

Sim. O crescimento numérico dos ditos evangélicos e de pastores sem uma boa formação bíblica, ética e cultural colabora muito com isso. Creio que o tipo de teologia que está se pregando atualmente, que se concentra nas páginas do Antigo Testamento e delas tira lições distorcidas ou meias-verdades, é um fator importante para a disseminação do abuso.

A seu ver, existe solução para o problema? O que a igreja evangélica brasileira deveria fazer para que os fiéis não mais fossem feridos?

Não tenho todas as respostas, penso que dificilmente alguém as terá. Eu apenas aprendi, depois de muito ouvir as pessoas, feridas ou não, que buscar maturidade espiritual e assumir responsabilidades pelas próprias decisões de fé ajuda muito a evitar o abuso. Parar de procurar a ajuda de gurus evangélicos também. Como diz o Eugene Peterson, as pessoas adoram ver o pastor brincar de Deus.

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Publiquei porque achei pertinente, pois ainda tenho esperança que a gente boa de Deus que anda dominada e contamida, leia relatos desta natureza e sinta-se impulsionada a não pactuar com esta estrutura danificada pela tirania e ufanismo dos líderes contemporâneos, que se afastaram da simplicidade do Evangelho. E também para aqueles que andam dispersos, os quais foram levados a descrer por associar a instituição "igreja" ao nome de Deus, que ao refletir superem as feridas e voltem a pureza do Evangelho.

Irresponsáveis prega-dores


Além dos caça fantasmas, existem também os terroristas que inventam um monte de asneiras para manipular o povo.

Você sabia que até hoje, em pleno século 21, existem grupos que levam seus membros a acreditar que não podem dormir sem roupas e que alguns até mesmo no momento de fazer sexo conjugal, utilizam um lençol com um buraco para não ver o corpo da companheira ou do companheiro? E tudo isto com “base bíblica”.

Que assistir televisão é coisa do demo? Que usar enfeites ou passar maquiagem também é?
Que também existem grupos que enterram toquinhos com versículos em pontos estratégicos para demarcar territórios? E alguns até usam o próprio xixi com o mesmo objetivo? Que sobem aos montes com um monte de garrafa de água mineral para consagrar e depois entregar aos fiéis como água ungida para resolver todos os males? Que voam de helicópteros com um balde de óleo jogando o bendito, sobre os pontos mais violentos da cidade para afastar o mal? Que vivem em nome de Deus tornando as pessoas paranóicas, assustadas, cheias de medo e de culpa, que temem falar que estão doentes, ou quando alguém espirra, temem falar que ela está gripada, pois pode ser uma palavra de maldição e que na mesma hora que alguém que não faz parte desta doideira quando fala após um espirro: - tá gripado hein!? é imediatamente repreendida? Que existem pessoas que se ajoelham junto com a família para pedir perdão pelos pecados dos antepassados? Despretensiosamente, mas com muita vontade de que algumas pessoas leiam este texto e parem para pensar na responsabilidade que têm quando lidam com um grupo de pessoas.


Outro dia ouvi uma mensagem em que o prega-dor, dizia que quem é cheio do Espírito Santo não pode ter depressão, porque depressão é doença da alma e se é doença da alma não há remédio que possa ajudar a não ser, ser cheio do Espírito, aí eu pensei, que falta de informação e de responsabilidade, pois muitos que ali estavam ( na maioria gente muito simples ) com certeza iriam deixar de tomar seus remédios pela simples indicação de um irresponsável (conhecido pelas grandes massas, tenho o DVD), e poderiam até mesmo se suicidar, dependendo do grau da doença. E as promessas de cura então, há casos concretos de pastores que dizem aos “fieis” que se ele guarda algum remédio em casa, tipo analgésico ou antitérmico, é porque ele não tem fé e como ele não tem fé, guardar remédio em casa traz maldição, chama a doença. E os caras que estão enviando um monte de gente para o inferno com a seguinte argumentação (sic)“Quem não der o dízimo está roubando a Deus, portanto é um ladrão, a palavra diz que os ladrões não herdarão o reino dos céus, então se não der o dízimo não herdará o reino”. É brincadeira, é fazer logiquinha com textos da palavra. Os caras estão surtados, e o pior é que tem muita gente boa indo atrás destas e outras loucuras.



Caça Fantasmas




Chega a ser engraçado como de tempos em tempos surgem umas maluquices do tipo caça fantasma no meio religioso, desde a idade média a caça as bruxas se tornou uma das maiores empreitadas dos que queriam em nome de Deus extinguir as “heresias” e para isto nada mais pragmático do que extinguir o herege. A maior preocupação não era pregar o Evangelho, mas caçar os que colocavam em perigo as doutrinas da "santa igreja", um verdadeiro desvio de foco.

Por longos anos a prática “cristã” teve como um dos seus pontos principais caçar e matar aqueles que iam contra a sã doutrina, e o matar era matar mesmo, em fogueiras e todos os meios que acreditavam que iriam também purificar o herege.

Também como desvio de foco, de vez em quando em nossa era, surge outro tipo de caça fantasmas, lembro-me de uma época em que a moda era caçar trechos em discos de vinil tocando-os de forma invertida, foi uma febre, alguns grupos até aproveitaram deste recurso para instigar a curiosidade dos caçadores e fazer disto um marketing de graça de suas obras.

Em outra época quando os supermercados começaram a utilizar o código de barras para identificação dos seus produtos, os caçadores então conseguiram identificar no código de barras a marca da besta e até propuseram um boicote aos produtos marcados com código de barras, mas foi melhor ceder, pois, caso contrário eles é que estariam extintos. Os nomes dos Papas então não ficaram de fora das intermináveis contas para se identificar o número da besta, depois veio contas com o nome do Bill Gates, com o www, com nome de administradoras de cartões de crédito, marcas de refrigerantes, fazendo-se para isto malabarismo somando números em algarismos romanos, com números arábicos, incas, etc, para se conseguir um resultado que apontasse para o “marvado” 666 ( estas maluquices estão em apostilas de batalha espiritual de um grupo muito respeitado no meio evangélico ). E o pior, é que o povo simples acredita nas invenções de uns malucos que de tanto se imaginar mais abençoado por Deus, chega a acreditar que o próprio Deus é quem revelou as sandices, transformadas em doutrinas. A bola da vez agora é o Chip, seja no cartão ( na mão ), seja implantação subcutânea ( na testa ). Antes do Chip já falavam que era o seguinte: cartão na mão, e senha na cabeça (testa).

Uma das mais engraçadas e mirabolantes que já ouvi foi sobre a Xuxa, diziam que a música eu fiz um Xis no seu coração, era uma demonstração do pacto feito com o demo, pois na música ela dizia: “Eu fiz um Xis, Xis, Xis no seu coração”, então Xis de trás pra frente em inglês é siX, logo a música queria dizer na verdade era: eu fiz um siX, siX, siX no seu coração, ou seja, 666. É mole?
A criatividade é enorme, isto aqui são pequenos exemplos, há muitas outras maluquices, e muitas outras ainda aparecerão, e sempre haverá pessoas para propagar estas tolices como desfoque.

Cabeça quente e coração frio.




Muitas vezes as pessoas ficam querendo pegar no tranco para ver se aquecem seus corações, as propostas são muitas, livros de auto-ajuda, palavras de ânimo, reuniões, interações com conotações bem emotivas. Quem sabe bate uma forte emoção que aqueça o coração e esfrie a cabeça, mesmo que momentaneamente. Mas não é tão simples assim, depois de uma carga emocional positiva, o ciclo recomeça, a vida continua. O que esquenta a cabeça as vezes é fácil identificar, mas o que esfria o coração?

A gente se cansa de tantas propostas, que via de regra surgem de maneira messiânica, como oferta para aquecer os corações e esfriar a cabeça, basta ligar a TV e ver a infinidade de soluções apresentadas mesmo daquelas com aparência elegante, sábia e contundente, até mesmo antagônico a tudo o que já foi dito, como se tudo fosse resolvido apenas através da expressão de um conceito, se tornando o reverso da medalha, apresentando outras incríveis maneiras de tornar as coisas “simples”, porém carregado de uma complexidade que nenhum leigo consegue discernir.

Na busca por uma resposta,
"O amor de muitos se esfriará"
Na apresentação de alguma proposta,
a cabeça de muitos se esquentará...


É, a gente se cansa.